Os bancos privados vão ter de prestar explicações na Justiça por descumprir o compromisso público de não demitir trabalhadores durante a pandemia de Covid-19. As empresas têm recebido ações por desligar mais de 12 mil trabalhadores, em meio à crise sanitária, quando reduziram despesas com o teletrabalho, além de terem apresentado lucro recorde.
Somente o Bradesco responde por praticamente 60% das demissões em 12 meses. O segundo maior banco privado do país também fechou inúmeras agências, dificultando o atendimento. O Dieese avalia que em um ano, Bradesco, Caixa e BB fecharam, juntos, 16.439 postos de trabalho, o que seria uma defasagem ao dado anterior, mas houve reposição de vagas em outros setores, como tecnologia da informação, mascarando o balanço final.
O Santander já foi condenado a pagar R$ 50 milhões por danos morais, em uma sentença judicial, por demitir 3.220 trabalhadores na pandemia, além de perseguir dirigentes sindicais que denunciavam a conduta da empresa. Com este resultado, mais bancos devem ser multados pelas ações nefastas durante a pandemia.
Quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou pandemia, o Comando Nacional dos Bancários apresentou uma lista de demandas à Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), como o isolamento das pessoas de grupos de risco, além dos EPIs como álcool em gel e máscaras. Neste mesmo momento, os bancos privados fizeram compromisso público, com presença da imprensa, assumindo que não haveria demissões no período.
O que milhares de trabalhadores não esperavam era que a promessa durasse até julho de 2020, quando o Santander, Itaú e Bradesco começaram a desligar.