República, o salário mínimo perdeu valor real pela primeira vez em um governo no período de quase 30 anos. É o que aponta levantamento da consultoria Tullett Prebon Brasil, divulgado nesta segunda-feira (9) pelo jornal O Globo.
De acordo com a publicação, “Bolsonaro vai terminar seu mandato em dezembro de 2022 como o primeiro presidente, desde o Plano Real, a deixar o salário mínimo valendo menos do que quando entrou. Nenhum governante neste período, seja no primeiro ou segundo mandato, entregou um mínimo que tivesse perdido poder de compra”.
Os reajustes desde 2019 ficaram aquém da inflação do período. Conforme cálculos da Tullett Prebon Brasil, a perda será de 1,7% até o fim do mandado bolsonarista. “Isso, se a inflação não acelerar mais do que o previsto pelo mercado no Boletim Focus, do Banco Central, base das projeções da corretora”, informa O Globo. “As previsões vêm sendo revisadas para cima há 16 semanas. O piso salarial cairá de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37 entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022, descontada a inflação.”
Bolsonaro manteve a decisão de seu antecessor, Michel Temer (MDB), e boicotou em definitivo a política de valorização do salário mínimo. Uma regra estabelecida ainda no governo Lula determinava que o reajuste do mínimo seria equivalente à reposição da inflação, mais o valor de variação do PIB de dois anos antes.
Além disso, a partir de 2020, a inflação começou a acelerar no Brasil. Há uma alta generalizada nos preços, puxada por itens como alimentos, energia e combustíveis. De acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a inflação afeta especialmente a população de baixa renda. “Com isso, a renda das classes D e E está mais comprometida com itens essenciais: casa, alimentação, comunicação e saúde. São 78,6% para essas despesas, sobrando pouco espaço para consumo, segundo dados da Tendência”, diz O Globo.
A perda de valor real também é preocupante porque, com a crise econômica, nunca tantos brasileiros ganharam até um salário mínimo. Há 33,8 milhões de trabalhadores nessa condição hoje. O País tem ainda 11,9 milhões de desempregados.
Fonte: Vermelho