O assédio sexual e moral que grassa na administração bolsonarista da Caixa Econômica Federal, conforme denúncias feitas por funcionárias foi o pavio que detonou uma série de outras acusações contra o economista Pedro Guimarães, que administrava o banco desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019.
Isolado, ele se demitiu da Presidência da Caixa na noite do dia 29. Para o lugar dele, foi nomeada a secretária de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Daniella Marques, considerada “braço direito” do ministro Paulo Guedes. Ela já anunciou a troca de 26 executivos do banco.
As intimidades relatadas pelas servidoras acabaram expondo outras suspeições sobre a gestão do banco estatal.
Jeton de conselhos
Guimarães recebia R$ 56 mil de salário, além de R$ 130 mil de jetons por participação em conselhos. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União apresentou à Corte de contas uma representação para apurar a participação de Guimarães no acúmulo de 21 cargos em conselhos de administração ligados à estatal em 2021.
Ele chegou a integrar 18 conselhos, que lhe renderam mais de R$ 130 mil mensais em jetons (uma espécie de gratificação pelo trabalho extra
Reforma residencial
A Caixa Econômica Federal custeou obras na mansão em que Guimarães mora em Brasília (DF). As intervenções foram feitas em julho de 2020 por quatro funcionários de uma empresa que mantém contratos com o banco público para realização de serviços de manutenção em seus prédios e agências.
Segundo relato de servidores da Caixa, o custo foi de aproximadamente R$ 50 mil. O advogado dele, o criminalista José Luís Oliveira Lima, confirmou a realização das melhorias e disse que elas foram autorizadas pelo setor de segurança após supostas ameaças recebidas pelo ex-presidente do banco.
Pressão política
As direções da Caixa e do Banco do Brasil ameaçaram romper com a Febraban, em 2021, em virtude do apoio da entidade a um manifesto em defesa da democracia e suas instituições. Enquanto o presidente da República ameaçava o Supremo Tribunal Federal (STF), o manifesto sequer citava o nome de Bolsonaro. A Federação acabou se retirando do movimento coordenado pela Fiesp e os dois bancos públicos permaneceram associados à Febraban.