A Comissão dos Direitos Humanos e Minoria da Câmara dos Deputados denunciou à ONU a onda de violência política no Brasil. O presidente do colegiado, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), considerou o assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, morto a tiros pelo bolsonarista Jorge Guaranho, “o ápice de uma escalada de violência protagonizada por Bolsonaro.
No documento, estão listados 13 ataques feitos por bolsonaristas por motivação política. “Espero que essa tragédia tenha servido de alerta para as autoridades. Mas o maior receio é que casos assim podem voltar a acontecer”, disse Orlando em entrevista ao UOL .
“As liberdades de manifestação política e de expressão estão sob risco. O nosso objetivo é que essas situações sejam objeto de atenção por parte de organismos internacionais que fazem esse tipo de monitoramento. O efeito devastador do discurso de ódio é estimular esse tipo de conduta”, completou.
O primeiro assassinato ocorreu na madrugada de 8 de outubro de 2018, após o fim do primeiro turno do pleito em que foi eleito presidente. Após abrir voto no PT, o mestre de capoeira Moa do Katendê foi morto a facadas em um bar de Salvador (BA). Preso em flagrante, o barbeiro Paulo Ségio Ferreira de Santana foi condenado a 22 anos e 1 mês de prisão em regime fechado por homicídio duplamente qualificado contra Moa por motivo fútil. A pena ainda inclui uma tentativa de homicídio qualificado contra o primo do capoeirista, que estava com ele no momento do crime.
Em novembro de 2019, Antônio Carlos Rodrigues Furtado morreu após ser agredido por socos e chutes após ter caído no chão em Santa Catarina. Segundo relatório da Polícia Militar, as agressões ocorreram após uma discussão com o autor do crime, Fábio Leandro Schlindwein, que seria simpatizante da direita.
Confira os outros episódios que constam no relatório:
Em março de 2018, uma caravana com o ex-presidente Lula foi atacada a tiros quando percorria o interior do Paraná.
Em 6 de outubro de 2018, um homem que conduzia uma moto com adesivo em alusão ao presidente Bolsonaro agrediu pessoas, arrancou bandeiras e quebrou de vidro de veículos em uma carreata em Maringá (PR).
No dia seguinte, bolsonaristas atropelaram o cineasta Guilherme Daldin em Curitiba (PR), que vestia uma camisa com a imagem de Lula.
Na noite de 9 de outubro de 2018, data do primeiro turno das eleições, um servidor da Universidade Federal do Paraná que usava um boné do MST foi agredido por golpes de garrafa na cabeça. Segundo o relato, os agressores gritaram “aqui é Bolsonaro”.
Em 28 de março de 2021, o ativista Rodrigo Grassi, militante do PT, foi detido por chamar Bolsonaro de genocida em um protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Após ser preso, disse ter sido questionado se não tinha vergonha de ser um vagabundo petista.
Em setembro de 2021, defensores de Bolsonaro foram acusados de tentar invadir um acampamento indígena em Brasília.
Em outubro de 2021, o radialista Jerry de Oliveira disse ter sido ameaçado por dois homens em Campinas. Um deles estava armado, segundo ele. Na ocasião, disse ter sido ameaçado de morte caso falasse mal do presidente Jair Bolsonaro.
Em dezembro de 2021, uma equipe da TV Bahia foi impedida de fazer a cobertura jornalística da visita de Bolsonaro à cidade de Itamaraju (BA). Dois jornalistas foram agredidos por seguranças e apoiadores do presidente. A repórter Camila Marinho foi agarrada pelo pescoço por uma segurança.
Em 15 de junho deste ano, um drone lançou veneno com cheiro de fezes e urina sobre o público que aguardava pelo ato de Lula em Uberlândia (MG).
Em 7 de julho, um juiz que havia prendido um ex-ministro do governo Bolsonaro foi alvo de um ataque com o documento e ovos quando dirigia um carro em Brasília.
No mesmo dia, uma bomba caseira com excrementos foi lançada contra o público em um ato de Lula no Rio de Janeiro.