Como em todo ano de Copa do Mundo, a população brasileira está no clima da conquista de mais uma glória no futebol. Antes de tudo, o ambiente vai de ruas e torcedores enfeitados com a “amarelinha”, até rodas de discussão e festas nas casas e bares. Ao contrário, fora das quatro linhas, há urgência na discussão sobre desigualdade, repressão e violência. A maior delas, o desrespeito aos parâmetros da Organização Internacional do Trabalho.
Ocultadas 6,5 mil mortes de trabalhadores
Primeiramente, o Mundial não se resume aos estádios e resorts suntuosos de Doha. A saber, sangue e lágrimas marcaram os 10 anos de preparação do mais caro evento esportivo da história. Afinal, o custo é estimado em 200 bilhões de dólares, contra US$ 15 bi no Brasil em 2014. Definitivamente, é importante integrar o mundo árabe. No entanto, a escolha ideal seria um país segregador e alheio aos direitos humanos como o Catar?
Conforme o The Guardian, 6,5 mil trabalhadores imigrantes de países como Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka morreram nas obras. Apesar disso, os sheiks confirmam 37 óbitos e dizem que “apenas três” foram no trabalho. Segundo a publicação, há casos de quedas de grandes alturas e até mesmo suicídios por estresse térmico. Por outro lado, o governo local sequer realizou autópsias para confirmar as causas das mortes.
ONGs pedem fundo de compensação; CBF se cala
Agora, ONGs sugerem a criação de um fundo de compensação para os operários mortos e as vítimas de abusos. Nesse ínterim, o valor proposto é de US$ 440 milhões, equivalente à soma dos prêmios que a Fifa dará às seleções. Ao passo em que a CBF se calou, a medida tem o apoio de federações dos Estados Unidos, Bélgica, França, Inglaterra, Alemanha, Holanda e País de Gales.
Sob o mesmo ponto de vista, a hashtag #BoicoteCatar passou a dominar as redes sociais. Artistas como Dua Lipa e Shakira recusaram convites. Atletas e torcedores denunciam atos de homofobia e misoginia. A Dinamarca ocultou seus símbolos nos uniformes. Tudo para desnudar a tentativa da Fifa de varrer o sangue sob os gramados. A resposta efetiva são o silêncio e ameaças de punições às equipes “subversivas”.
Fonte: CTB Nacional