Como não chamar de nazista a nova legislação imobiliária sancionada pelo governador da Flórida e aspirante à Casa Branca, Ron DeSantis? A lei SB 264, que já entra em vigor em 1º de julho, proíbe cidadãos da China, Cuba, Irã, Coreia Popular, Rússia, Síria e Venezuela de comprar imóveis na Flórida. O argumento é que a proibição tem a ver com a segurança nacional, sendo que as pessoas das nacionalidades citadas só podem comprar imóveis que estejam a 16 quilômetros de distância de qualquer uma destas instalações: quartéis, aeroportos, portos, estação de tratamento de água, instalações elétricas, usinas de energia… ou seja, na prática a restrição atinge quase todo o território do estado. Os que conseguirem um imóvel que atenda à exigência de distância mínima só podem comprar apenas um único pedaço de terra ou uma residência de até dois acres. Caso um sírio, por exemplo, seja herdeiro de um imóvel “proibido”, terá no máximo até três anos para vende-lo. Como todos sabem que ele é de uma nação “maldita” e que tem a obrigação legal de vender, não conseguirá nem metade do valor real pelo imóvel, lembrando o drama dos judeus sobre legislação semelhante na Alemanha nazi. Faltou um artigo exigindo que as nacionalidades atingidas usem uma braçadeira com o número da lei: SB 264.
A naturalização do fascismo
Mas tudo isso é tratado com grande naturalidade. A mídia hegemônica local especula mais sobre o impacto da lei na economia do estado do que sobre sua gritante imoralidade. Parte dela diz, mentindo descaradamente, que a legislação atinge “agentes” dos países citados (li isso até em sites brasileiros), tentando camuflar a brutalidade racista da norma, que atinge todas as pessoas das nacionalidades citadas, não importando se tenham ou não vínculos diretos com o aparelho estatal do seu país de origem. Ron DeSantis, governador da Flórida – que entre outras barbaridades, baniu o ensino de história afro-americana das escolas públicas do estado – anunciará finalmente, nesta quarta-feira (24), o que todos já sabiam, irá disputar com Donald Trump a indicação presidencial pelo Partido Republicano. Vejam a forma singela com que a agência Reuters apresenta o neofascista: “um homem cujas batalhas apaixonadas sobre bloqueios pandêmicos e questões culturais polêmicas o tornaram querido pelos conservadores”. Os sinais do avanço da ideologia fascista no mundo capitalista são nítidos.
Fonte: Vermelho