Nos últimos tempos, o yuan chinês tem conquistado um espaço cada vez maior na América Latina, sendo promovido como uma alternativa ao dólar. Essa tendência ganhou destaque com medidas recentemente adotadas por governos da região. Na Argentina, o governo anunciou que suas compras da China passariam a ser pagas em yuans ao invés de dólares, visando preservar as reservas internacionais do país. No Brasil, onde o yuan superou o euro como segunda maior moeda de reserva externa, um acordo foi firmado para negociar com a China nas respectivas moedas, evitando a dependência do dólar. Essas mudanças em duas das principais economias latino-americanas são consideradas pelo presidente boliviano, Luis Arce, como parte de uma tendência regional que seu país também pode aderir.
A BBC também destaca que, no Brasil, em fevereiro deste ano, foi anunciado um acordo de compensação de yuans, operado pelo Banco Industrial e Comercial da China. Esse mecanismo permite a conversão imediata para reais dos negócios fechados em yuan, tornando as operações mais atrativas e eliminando a conversão dupla em dólar. Apesar desses avanços, mais de 90% do comércio exterior brasileiro ainda é realizado em dólares, e o yuan representa menos de 6% das reservas internacionais do Brasil, enquanto o dólar ocupa mais de 80%.
A internacionalização do yuan pela China está relacionada também a fatores geopolíticos. Além de impulsionar seu comércio exterior, a China busca reduzir a dependência do dólar e corroer o poder que a moeda americana exerce há décadas. As sanções internacionais à Rússia após a invasão da Ucrânia abriram uma oportunidade para o yuan ganhar destaque. Na Rússia, o yuan ultrapassou o dólar como a moeda mais negociada e representou 23% dos pagamentos de importações russas em 2022.
Fonte: Brasil 247