A luta contra o analfabetismo no Brasil vem avançando, ainda que a passos não tão rápidos quanto o necessário para sua erradicação. Segundo dados recém-divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas que não sabem ler e escrever acima dos 15 anos diminuiu de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022.
A diferença entre os índices representa uma redução de pouco mais de 490 mil analfabetos no país, menor taxa da série iniciada em 2016. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Educação 2022. Os mais atingidos pelo problema ainda são os pardos e pretos, os maiores de 60 anos e a população do Nordeste.
De acordo com o levantamento, no ano passado, entre as pessoas pretas ou pardas com 15 anos ou mais de idade, 7,4% eram analfabetas, mais que o dobro da taxa encontrada entre as pessoas brancas, 3,4%. No grupo etário de 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo dos brancos alcançou 9,3%, enquanto entre pretos ou pardos ela chegava a 23,3%.
Tendo como base a faixa etária, o índice chega a 16% entre as pessoas de 60 anos ou mais, 9,8% entre as pessoas com 40 anos ou mais, 6,8% entre aquelas com 25 anos ou mais e 5,6% entre a população de 15 anos ou mais. Por outro lado, a taxa de analfabetismo das pessoas de 60 anos ou mais foi a que mais caiu, reduzindo-se em 2,1 pontos percentuais frente a 2019 e 4,5 p.p. ante 2016.
Quando é feito o recorte por sexo, o índice de mulheres de 15 anos ou mais, em 2022, foi de 5,4%, enquanto o dos homens foi de 5,9%. Entre os idosos, foi de 16,3% entre as mulheres, ficando acima da dos homens, 15,7%.
As desigualdades regionais também incidem sobre a taxa de analfabetismo: o Nordeste tem o índice mais alto, 11,7%, quatro vezes maior que o Sudeste, que registrou a mais baixa, 2,9%. No grupo dos idosos (60 anos ou mais) a diferença é maior: 32,5% para o Nordeste e 8,8% para o Sudeste.
Jovens
Vale destacar que o levantamento mostrou um dado bastante preocupante entre os jovens, faixa onde há maior necessidade de investimento em educação. Dos 52 milhões de jovens com 14 a 29 anos do país, 18,3% não completaram o ensino médio, seja por terem abandonado a escola antes do término dessa etapa ou por nunca a terem frequentado. O Brasil tinha 9,5 milhões de jovens com 14 a 29 anos nessa situação, sendo 58,8% homens e 41,2% mulheres. Por cor ou raça, 27,9% desses jovens eram brancos e 70,9% pretos ou pardos.
A principal razão para o abandono, 40,2%, é a necessidade de trabalhar. Em seguida está o desinteresse nos estudos, com 26,9%. Para as mulheres, o principal motivo também foi a necessidade de trabalhar (24,0%), seguido de gravidez (22,4%) e não ter interesse em estudar (21,5%). Além disso, 10,3% delas indicaram realizar afazeres domésticos ou cuidar de pessoas como o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado escola, enquanto para homens esse percentual foi inexpressivo (0,6%).
No ano passado, havia 49 milhões de pessoas de 15 a 29 anos de idade, dentre as quais 15,7% estavam ocupadas e estudando; 20,0% não estavam ocupadas nem estudando; 25,2% não estavam ocupadas, porém estudavam; e 39,1% estavam ocupadas e não estudando.
Entre as principais ações que marcaram os primeiros meses do novo governo nessa área estão o reajuste, em até 200%, das bolsas de estudo, pesquisa e formação de professores e estudantes; a recomposição do piso salarial de professores da educação básica em quase 15%; o reajuste no valor da merenda escolar; a retomada de mais de 3 mil obras em escolas pelo país; investimentos em escola de tempo integral, além do enfrentamento à violência nas escolas, entre outras medidas.
Fonte: Vermelho