A empresa de aplicativo de entregas Ifood, assim como agências de publicidade a serviço da empresa, assinaram um compromisso com o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) em que se comprometem a promover ações em favor dos direitos trabalhistas e do respeito ao direito de informação dos seus entregadores.
O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado na semana passada, ocorre em decorrência de reportagem da Agência Pública que revelou que o Ifood contratou as agências de publicidade Benjamim Comunicação e a Promove Serviços de Propaganda e Comunicação (Social QI) para desmobilizar o movimento de organização dos entregadores, suas greves, além de desmoralizar seus líderes. Os profissionais reivindicavam melhores condições de trabalho.
De acordo com a reportagem fartamente documentada por fontes das próprias agências, as contratadas criaram perfis falsos, páginas falsas, se infiltravam em grupos de mensagens de entregadores e até nas manifestações, e se passavam por entregadores do Ifood para questionar nas redes sociais as reivindicações dos trabalhadores. Fingindo ser a voz dos trabalhadores, geraram desinformação, confundindo a mobilização.
As ações da empresa com as agências visavam desviar o foco da reivindicação das greves, através de mobilizações divergentes. Nas redes sociais, proliferaram memes engraçados e na linguagem dos motoqueiros para fortalecer a narrativa da empresa, inclusive com impulsionamento pago. A estratégia é comparada com as do “gabinete do ódio” dos Bolsonaros. A reportagem acessou relatórios de entrega, cronograma de postagens, vídeos, atas de reuniões das agências e trocas de mensagens comprovando a estratégia.
As investigadas assumiram a relação comercial entre si, para fins de monitoramento e campanhas na internet, mas negam as ilegalidades. O iFood e a Benjamin dizem que não compactuam com o uso de perfis falsos, geração de informações falsas, automação de publicações por uso de robôs ou compra de seguidores.
Fonte: Vermelho