A onda de saques em supermercados e lojas na Argentina é menos espontânea do que parece. Apesar da crise econômica vivida pelo país sul-americano, a turbulência nas ruas é incentivada pela extrema-direita, em especial pelo candidato reacionário a presidente Javier Milei. Os atos são estimulados até nas redes sociais de lideranças ultradireitistas.
Para Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires., “houve uma campanha e uma preparação dos acontecimentos. Circularam nas redes denúncias falsas de coisas que não estavam acontecendo”. O próprio Milei usou sua conta no X (antigo Twitter) para comparar as cenas destes dias com os saques de 2001, decorrentes do “corralito” (confisco bancário). “É trágico voltar a ver, depois de 20 anos, as mesmas imagens que víamos em 2001. Pobreza e saques são duas faces da mesma moeda.”
De acordo com Gabriela Cerruti, porta-voz da Presidência, apoiadores de Milei e da também presidenciável Patricia Bullrich estão por trás dos ataques. “O clima nas redes sociais foi gerado por contas ligadas à A Liberdade Avança (coligação de Milei) e a grupos de Bullrich. Havia grupos de WhatsApp incentivando”, denunciou a porta-voz.
Desde terça, há registros de saques na capital, Buenos Aires, e na região metropolitana. Autoridades locais contabilizaram, no dia, 94 prisões e 150 tentativas de saques. Em Moreno, na província de Buenos Aires, cerca de 20 vândalos atearam fogo e depredaram o supermercado de uma família de origem chinesa. Já no sul da Argentina, Neuquén e Río Negro também viveram episódios criminosos do gênero.
Fonte: Vermelho