BRASIL ENFRENTA ONDA DE CALOR HISTÓRICA, COM RISCOS PARA A SAÚDE

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O Brasil está enfrentando uma onda de calor histórica pelo terceiro mês consecutivo, com temperaturas extremas em vários estados, alertou a MetSul Meteorologia. Com temperaturas extremas projetadas em vários estados, há uma alta probabilidade de quebra de recordes históricos, com marcas 10ºC a 15ºC acima da climatologia histórica previstas para algumas tardes.

Segundo o climatologista Alexandre Costa, professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE), em entrevista ao Portal Vermelho, o mais grave é considerar que isto pode se tornar o clima normal no Brasil, com possibilidade de agravamento. “Se o aquecimento global continuar escalando aos patamares que se discutem nas cúpulas internacionais, com aumento de até 4,5 graus, a tendência desse cenário é sofrer consequências climáticas ainda mais graves”, afirmou.

A MetSul, empresa especializada em meteorologia, ressaltou que a intensidade desta onda de calor pode superar os eventos históricos de setembro e outubro. A onda de calor já está em seus estágios iniciais e espera-se que ganhe força nos próximos dias. Alexandre concorda com esta análise e aponta que “a situação é tão extraordinária que esta onda de calor pode se tornar a mais intensa já registrada no país em termos de temperaturas máximas”.

A onda de calor está em seus estágios iniciais e espera-se que ganhe força nos próximos dias. Municípios como Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, registraram uma temperatura impressionante de 42,3ºC, enquanto Cuiabá, no Mato Grosso, atingiu 40,4ºC. A situação não é exclusiva do Brasil; países vizinhos, como Argentina, Bolívia e Paraguai, também enfrentam temperaturas extremas.

O Centro-Oeste brasileiro é a região mais afetada inicialmente, com temperaturas concentradas nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Contudo, espera-se que a massa de ar quente se expanda, atingindo áreas mais amplas, incluindo o interior de São Paulo. O período de altas temperaturas será prolongado, podendo durar até duas semanas em algumas localidades.

Alexandre destacou este aspecto dos biomas mais afetados serem justamente aqueles mais agredidos pelo negacionismo climático, no último período, como o cerrado dominado pela agropecuária e a própria Amazônia, atingida por desmatamentos e garimpo ilegal. “Embora o Brasil contribua menos para o aquecimento global e tenha matrizes energéticas que emitem menos gás carbônico, a criação de gado em larga escala é um dos piores vetores de emissões de gás metano. Além disso, toda a logística de transporte dessa produção de alimentos no país, assim como a mobilidade urbana, em geral, é baseada no consumo de combustível fóssil, quando já deveria estar se eletrificando”, pondera ele.

O cientista também citou estudos que já apontam, pela primeira vez, áreas de caatinga que deixaram de ser semiáridas para se tornar áridas, impossibilitando qualquer atividade econômica nestas regiões do Nordeste brasileiro. O meteorologista Humberto Barbosa verificou o aumento do processo de degradação ambiental e da desertificação no Semiárido brasileiro, prejudicando os ecossistemas e o bem-estar da população.

A pesquisa foi realizada para atender a um pedido do Tribunal de Contas da Paraíba, que atribuiu o agravamento da situação à paralização que se deu, em nível nacional, com a desativação da Comissão Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (CNCD), por meio do Decreto Federal no 9.759/2019. Alexandre ressaltou o quanto o governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), era negacionista da ciência ao desmontar os mecanismos de fiscalização ambiental e as iniciativas de mitigação das mudanças climáticas.

Risco para saúde

Esta onda de calor é considerada fora do comum e potencialmente a mais intensa já registrada no Brasil em termos de temperaturas máximas nominais. A MetSul Meteorologia alerta para temperaturas excepcionalmente altas, podendo atingir até 46ºC em algumas cidades, o que representa um risco significativo para a saúde.

Os especialistas alertam que o calor extremo pode persistir por até duas semanas em algumas áreas, representando um risco significativo, especialmente para grupos vulneráveis, como idosos e doentes. A MetSul destaca que as altas temperaturas podem ter impactos graves, aumentando os riscos de mortes relacionadas ao calor.

Especialistas em saúde alertam para os riscos significativos associados a essa onda de calor, que vai além do desconforto térmico. A exposição prolongada a temperaturas extremas pode causar sérios danos à saúde, incluindo insolação, desidratação e complicações cardiovasculares e respiratórias. Recomenda-se que a população tome medidas preventivas, como manter-se hidratada, evitar esforço físico excessivo e proteger-se contra a exposição direta ao sol.

Diante da situação, autoridades de saúde recomendam medidas preventivas, como manter-se hidratado, vestir roupas leves, evitar a exposição ao sol nas horas mais quentes, e ter cuidado com medicamentos que podem afetar a capacidade do corpo de dissipar o calor. Além disso, alertam para os riscos do choque de calor, uma condição séria que pode ocorrer devido à exposição prolongada ou esforço físico em altas temperaturas. Sintomas incluem confusão mental, delírio, convulsões e coma.

Mudança climática

Os recordes estabelecidos nas ondas de calor de setembro e outubro já foram superados, e há uma probabilidade substancial de que novos recordes sejam estabelecidos durante esta onda de calor. Capitais como Cuiabá, Campo Grande, Goiânia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo podem registrar temperaturas extremamente altas, colocando em cheque os registros históricos.

A explicação meteorológica para essa onda de calor sem precedentes está relacionada a uma bolha de calor ou cúpula de calor, um fenômeno causado por uma área de alta pressão que atua como uma cúpula, gerando ar descendente e aquecendo a coluna de ar. Esse padrão climático, conhecido como “dome de calor,” pode durar dias ou até semanas, desviando sistemas meteorológicos ao seu redor.

Especialistas, como Alexandre Costa, ressaltam que eventos climáticos extremos, como essas ondas de calor, estão se tornando mais frequentes e intensos devido às mudanças climáticas. Estudos indicam que a frequência e a intensidade das ondas de calor estão aumentando, alertando para a necessidade urgente de mitigação e adaptação para reduzir os impactos na saúde humana.

Alexandre destacou boas notícias recentes de que os níveis de desmatamento caíram muito no país. “Mas isso é insuficiente. O governo precisa zerar este índice e também deixar de financiar projetos que envolvam exploração de combustíveis fósseis, direcionando todos os recursos para energias renováveis. Há resistências em setores do governo em fazer isso, quando não há mais tempo para continuar retardando uma transição energética”, afirmou o climatologista.

O Brasil enfrenta não apenas uma crise climática imediata, mas também um chamado à ação para combater as mudanças climáticas e proteger a população contra eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos.

Fonte: Vermelho100

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