“Chegou a hora de passar das palavras à ação”, declarou o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez. Nesta quarta (22), o país ibérico, Noruega e Irlanda anunciaram a decisão de reconhecer a Palestina como um Estado no final do mês.
“Somos um povo pacifista e respeitador da Carta das Nações Unidas. Demonstramos isso há anos, ao rejeitarmos a participação de Espanha na guerra ilegal contra o Iraque. Hoje, milhares de jovens que, em manifestações e acampamentos universitários, manifestam o seu repúdio ao massacre em Gaza e nos restantes territórios palestinos”, justificou.
O anúncio da decisão ocorre dois dias após a procuradoria do Tribunal Penal Internacional proferir mandado de prisão para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sob acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
“Netanyahu está gerando tanta dor, ressentimento e destruição em Gaza e no resto da Palestina que a solução de dois Estados corre sério risco de se tornar inviável.” A ofensiva israelense, advertiu Sánchez, “apenas perpetuará o ódio e o terrorismo, piorando as perspectivas de segurança para Israel e impedindo um horizonte de paz e prosperidade para os palestinos e toda a região”.
O reconhecimento dos três países será formalizado na próxima terça (28). A decisão conjunta foi tomada depois de a Assembleia Geral da ONU ter aprovado, no início do mês, uma resolução que abre caminho para o reconhecimento da Palestina como Estado-membro da organização.
O primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, foi o primeiro a anunciar a decisão, em Oslo. O movimento do governo norueguês tem bastante impacto e simbolismo, já que o país é visto como um agente histórico nas negociações do conflito.
Foi na capital norueguesa em que os chamados “acordos de paz de Oslo” foram costurados.
“O governo norueguês decidiu que a Noruega reconhecerá a Palestina como um estado. No meio de uma guerra, com dezenas de milhares de mortos e feridos, devemos manter viva a única alternativa que oferece uma solução política tanto para israelitas como para palestinianos: Dois Estados, vivendo lado a lado, em paz e segurança’, afirmou o primeiro-ministro Jonas Gahr Store.
O premiê Simon Harris, da Irlanda, disse que espera que outros países façam o mesmo nas próximas semanas. “Antes do anúncio de hoje, falei com vários outros líderes e estou confiante de que mais países se juntarão a nós para dar este importante passo nas próximas semanas”, acrescentou.
Israel mais isolado após pressão internacional
Desde o início do conflito, o argumento da extrema-direita israelense de que as mais de 30 mil mortes na Faixa de Gaza seria uma forma do país se defender dos ataques do Hamas, em 7 de outubro, vem se implodindo com muita celeridade.
De lá para cá, a diplomacia internacional vem dando claros sinais de que a coalização do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já passou os limites do tolerável, inclusive para aliados históricos, como os Estados Unidos.
Em março, a Casa Branca apresentou uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo em Gaza, o que o sionismo rejeitava com veemência. Tel Aviv alegava que o órgão impedia o direito do povo judeu de se auto-defender.
No último dia 10, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que abre caminho para que a Palestina se torne membro das Nações Unidas e concede “novos direitos e privilégios” aos palestinos.
Atualmente, a Palestina tem status de Estado Observador nas Nações Unidas e senta-se no fundo do salão da Assembleia Geral.
O texto pede que o Conselho de Segurança da ONU aprove que a Palestina se torne o 194º membro das Nações Unidas.
A resolução foi aprovada por 143 votos a favor, nove contra e 25 abstenções. O Brasil votou a favor do reconhecimento, se opondo às rejeições de Estados Unidos e Argentina, por exemplo.
Fonte: Vermelho