O Brasil alcançou a marca histórica de 100,7 milhões de pessoas ocupadas em 2023, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dia (21). No entanto, cerca de 76,9% dos trabalhadores brasileiros não completaram o ensino superior, evidenciando a dificuldade de acesso à educação no país.
Muitos trabalhadores interromperam a educação superior para ingressar no mercado de trabalho, pois diversas ocupações não exigem formação universitária. Grande parte da população ocupada exerce atividades que prescindem de formação superior.
A proporção de trabalhadores com diploma está crescendo lentamente, impulsionada pela evolução do mercado e a retomada dos concursos públicos. Vale ressaltar que depois de alguns anos ocorreu o processo de retomada de contratação de trabalhadores pelo setor público – via concurso público – que em sua grande maioria é integrado por pessoas com nível superior.
Desde o início da série histórica da PNAD Contínua, o contingente de pessoas ocupadas no Brasil cresceu 12,3%, atingindo a marca de 100 milhões pela primeira vez em 2023. Esse aumento representa uma recuperação do mercado de trabalho brasileiro.
O nível de ocupação da população brasileira é de 57,6%, ainda abaixo do pico de 2013, mas indicando uma recuperação em relação à queda registrada entre 2013 e 2017 devido à recessão.
Acesso ao ensino superior no Brasil
Apenas 18,1% dos jovens de 18 a 24 anos estão matriculados em faculdades, conforme a 11ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, do Instituto Semesp. Esse dado revela a dificuldade de acesso ao ensino superior, que afeta especialmente os alunos de escolas públicas. Para aumentar a inserção no ensino superior, é fundamental estimular a formação no ensino médio, diminuir a evasão escolar e garantir um ensino público de qualidade.
Iniciativas como “feiras vocacionais” em escolas públicas, que orienta os alunos sobre carreiras e caminhos para ingressar nas universidades, têm mostrado resultados positivos, aumentando o interesse e a participação dos estudantes no ENEM. Programas como o SISU, PROUNI e FIES também desempenham um papel crucial no acesso ao ensino superior, embora muitas vezes gerem ansiedade entre os estudantes devido à falta de preparo e conhecimento das políticas públicas.
A democratização do ensino superior, contudo, tem enfrentado barreiras nos últimos anos, com o aumento do desempenho mínimo exigido no ENEM e a redução na oferta de vagas do FIES. Essas mudanças impactam especialmente os estudantes de baixa renda, pretos e pardos, que ainda representam uma pequena parcela dos ingressantes nas universidades.
Após ingressar na universidade, os estudantes brasileiros enfrentam obstáculos adicionais para concluir a graduação. A necessidade de conciliar trabalho e estudo, especialmente para alunos de baixa renda, leva a altas taxas de evasão. A pandemia da covid-19 exacerbou essas dificuldades, aumentando as desigualdades econômicas e de aprendizagem.
Mercado de trabalho para graduados
Apesar dos desafios, o ensino superior continua sendo um diferencial significativo no mercado de trabalho. De acordo com o índice ABMES/Symplicity de Empregabilidade 2023 (IASE), cerca de 75% dos egressos do ensino superior conseguiram emprego em até um ano após a colação de grau, e mais de 83% atuam em sua área de formação. O salário médio dos profissionais graduados também aumentou, passando de R$ 3.800 para R$ 4.200.
Profissionais da área de Tecnologia da Informação (TI) estão entre os mais bem remunerados, com salários cerca de 50% acima da média nacional. O setor de engenharias também apresenta altos índices de empregabilidade. No entanto, a pesquisa do IASE 2023 revelou desigualdades de gênero, raça e faixa etária, com homens e pessoas brancas apresentando maior empregabilidade e renda.
Fonte: Vermelho