AUMENTO DAS TAXAS DE FINANCIAMENTO COMPROMETE ATUAÇÃO DA CAIXA NO FINANCIAMENTO HABITACIONAL

0 152

Em matéria publicada ontem (22), o jornal O Globo informa que a Caixa Econômica Federal está com taxas mais altas para financiar imóveis com recursos da poupança ou com juros maiores pela recém-lançada linha indexada à Taxa Selic. Para a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), a situação é preocupante, coloca em risco a competividade do banco no setor e o seu papel social.

Em dezembro de 2024, a entidade apresentou à Caixa estudo com alternativas de funding para superar desafios do crédito imobiliário e reforçar a importância de estratégias que mantenham a Caixa como um banco público comprometido com o acesso à moradia e a redução do déficit habitacional no Brasil, estimado em 6,2 milhões de moradias.

Conforme o estudo feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a pedido da Federação, o aumento dos saques na poupança e a redução na captação líquida têm desafiado a sustentabilidade do financiamento imobiliário, tradicionalmente sustentado pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

As estratégias, indicadas pela Fenae, buscam diversificar as fontes de recursos e minimizar o impacto da dependência de captações mais onerosas, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), cuja utilização cresceu 131% desde 2021.

Em outubro do ano passado, quando a Caixa decidiu reduzir a cota de financiamento habitacional para imóveis de até R$ 1,5 milhão, e exigir um valor de entrada maior dos compradores, a Fenae já alertava para a necessidade de o governo garantir novas fontes de recursos para manter o banco forte e competitivo no financiamento imobiliário.

Um levantamento do Dieese revelou que a escassez de funding para o crédito imobiliário foi um dos motivos que levaram a Caixa a adotar essa medida, com o saldo da poupança – principal fonte de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) – registrando déficits consecutivos desde 2021.

Com essa mudança, a Caixa passou a oferecer a menor cota de financiamento entre os principais bancos do mercado. Enquanto Itaú Unibanco financia até 90% do valor dos imóveis, Bradesco, Santander e Banco do Brasil financiam até 80%, e o banco Inter oferece uma cota de 75%, maior que os 70% aplicados pela Caixa, colocando o banco público em desvantagem competitiva, especialmente para clientes que precisam financiar uma parcela maior do imóvel e que não possuem recursos suficientes para cobrir a diferença.

As linhas de financiamento do banco público são mais procuradas por oferecerem taxas mais baixas. Em setembro de 2024, a taxa de juros anual de financiamento imobiliário com taxas reguladas estava em 7,62% na Caixa, enquanto Itaú, Bradesco e Santander tiveram taxas de 10,43%, 10,44% e 11,25%, respectivamente.

Fonte: Fenae

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.