O interior da Bahia vive uma realidade preocupante: 199 municípios do estado, o equivalente a 47,7% das cidades baianas, não contam mais com nenhuma agência bancária, segundo dados recentes do Banco Central compilados pelo Sindicato dos Bancários da Bahia. Esse cenário se agrava com o fechamento anunciado de mais unidades, deixando comunidades inteiras sem acesso presencial a serviços bancários básicos.
Em Rio do Pires, município do centro-sul baiano, o anúncio do fechamento da única agência bancária local gerou protestos. Caso a medida seja confirmada, a cidade se juntará à crescente lista de municípios desassistidos. Moradores reclamam da necessidade de se deslocar dezenas de quilômetros para realizar tarefas simples, como saques ou autorizações de transações que ainda dependem do atendimento presencial.
O fechamento de agências acompanha uma tendência nacional, impulsionada pela digitalização dos serviços bancários. Apesar da comodidade oferecida pelos aplicativos e meios digitais, essa realidade não alcança a todos. O Sindicato alerta para o impacto dessas decisões, que atingem diretamente uma parcela significativa da população. Entre 2020 e maio de 2025, 134 agências foram fechadas no estado, um ritmo que equivale a quase uma unidade encerrada a cada quinze dias.
Na tentativa de resistir a essa realidade, moradores de Rio do Pires realizaram um protesto no início de junho, acompanhado de audiência pública para discutir o fechamento da agência local do Bradesco. O banco reconhece a mudança no perfil de atendimento, ressaltando que 98% das operações são feitas digitalmente, e que os clientes são orientados a procurar unidades próximas para serviços presenciais.
Como resposta a essa situação, experiências de outros estados indicam possibilidades de luta. No Maranhão, uma decisão judicial suspendeu o fechamento de agências do Bradesco em 16 municípios após ação do Procon local. No caso da Bahia, o Sindicato dos Bancários está em diálogo com o Procon e o Ministério Público para buscar medidas semelhantes que garantam o acesso ao atendimento bancário para todas as regiões do estado.
O Bradesco lidera o fechamento de agências no estado, tendo encerrado 64 unidades desde 2020. Municípios como Serra do Ramalho, Serra Dourada, Inhampu, Paripiranga, Paratinga e São Felipe já estão entre os que perderam suas agências. Atualmente, o banco opera com 178 unidades na Bahia.
Essa redução no atendimento presencial representa não apenas um desafio para a inclusão financeira, mas também um alerta sobre o comprometimento do direito à cidadania para milhares de baianos, que dependem do acesso aos serviços bancários para o cotidiano e para o desenvolvimento econômico local.
Fonte: Feebbase