AMAZÔNIA E CERRADO REPRESENTAM QUASE 90% DE TODO DESMATAMENTO NO BRASIL

0 426

De acordo com o MapBiomas Alertas, somente na Amazônia foram 111,6 hectares desmatados por hora ou 1,9 hectare por minuto, o que equivale a cerca de 18 árvores por segundo

O país perdeu 16.557 km² de cobertura florestal no ano passado, segundo o Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), do MapBiomas Alertas. O sistema comparou a perda equivalente a área do Estado do Rio de Janeiro. Houve um aumento de 20% em relação ao ano anterior (2020). 89,2% dessa vegetação estão nos biomas da Amazônia e do Cerrado.

Quando somada a Caatinga, os três representam 96,2% de todo o desmatamento no país que cresceu em todos biomas. Também aumentou a velocidade média de desmatamento, que passou de 0,16 para 0,18 hectares por dia.

Somente na Amazônia foram 111,6 hectares desmatados por hora ou 1,9 hectare por minuto, o que equivale a cerca de 18 árvores por segundo. De acordo com o MapBiomas, os números não deixam dúvidas de que a região foi a “grande frente de supressão da vegetação nativa do Brasil nos últimos três anos”.

“Dados mostram que esse bioma concentrou 59% da área desmatada e 66,8% dos alertas de desmatamento em 2021. Foram mais de 977 mil hectares de vegetação nativa destruídos no ano passado – um crescimento de quase 15% em relação aos 851 mil hectares desmatados em 2020 que, por sua vez, já haviam representado um aumento de 10% em relação aos 771 mil hectares de desmate em 2019”, acusa o MapBiomas.

O Cerrado, aponta o relatório, vem logo atrás com pouco mais de meio milhão de hectares (30%), seguido pela Caatinga, com mais de 116 mil hectares (7%). Mesmo com menos de 29% de sua cobertura florestal, na Mata Atlântica foram desmatados 30.155 ha – 1,8% da área dos alertas. Apesar de responder pela menor área de alertas (0,1% do total), o Pampa quase dobrou o montante desmatado (92,1%). No Pantanal se observou um aumento de 50,5% nos alertas detectados e 15,7% na área desmatada entre 2020 e 2021.

De cada quatro hectares desmatados no Brasil em 2021, um foi no Pará, onde o desmate alcançou 402.492 ha (24,3% do total). O Amazonas, que era o quarto no ranking em 2020, apareceu agora em segundo lugar, com 194.485 ha desmatados, que representam 11,8% do total. O Mato Grosso apareceu em terceiro, com perda de 189.880 ha (11,5%), seguido do Maranhão, com 167.047 ha (10,1%), e Bahia, com 152.098 (9,2%). Juntos, esses cinco estados responderam por 67% da área desmatada no Brasil em 2021.

Repercussão

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) considerou que Bolsonaro tem responsabilidade por mais esse desastre. “Nos últimos três anos, perdemos nada menos que um Rio de Janeiro em florestas. Não temos um governo, temos um projeto de destruição nacional dirigido por um delinquente”, criticou.

O deputado Elias Vaz (PSB-GO) diz que o evento prejudica a imagem do país: “Imagine só o tamanho da destruição! O governo Bolsonaro passa a boiada e arrasa o meio ambiente. Além disso, afeta também a nossa economia. A imagem do Brasil lá fora só piora e muitos países se negam a comprar produtos do nosso país”.

“Amazônia perdeu 18 árvores por segundo em 2021, e o desmate subiu 20% no país. É absurda a conivência e o estímulo dado pelo governo federal. Sem contar a falta de fiscalização contra o desmatamento ilegal. Bolsonaro quer acabar com nosso meio ambiente”, protestou a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ).

Responsáveis

77% da área total desmatada estão em imóveis rurais cadastrados (CAR), o que significa que em pelo menos 3/4 dos desmatamentos é possível encontrar um responsável. “Para resolver o problema da ilegalidade é necessário atacar a impunidade, o risco de ser penalizado e responsabilizado pela destruição ilegal da vegetação nativa precisa ser real e devidamente percebido pelos infratores ambientais”, defendeu Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.

“Para isso, é preciso atuar em três frentes, assegurando que: todo desmatamento seja detectado e reportado; todo desmatamento ilegal receba ação de responsabilização e punição dos infratores (ex. autuações, embargo); o infrator não se beneficie da área desmatada ilegalmente e receba algum tipo de penalização (ex. restrições de crédito, pendência do CAR, impedimento de regularização fundiária, exclusão de cadeias produtivas)”, completou.

Fonte: vermelho

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.