GANÂNCIA ETERNA DO MERCADO NÃO PODE DECRETAR PRAZO DE VALIDADE PARA COMBATE À FOME.

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A proposta alternativa do senador tucano Tasso Jereissati à PEC do Bolsa Família propõe uma redução de cerca de 120 bilhões do total projetado pelo governo eleito para conseguir fazer frente à urgência social e humanitária legada pelo governo militar.

A equipe de transição do governo Lula/Alckmin trabalha com uma estimativa de cerca de 200 bilhões reais anuais, de modo contínuo e permanente, para garantir a sobrevivência humana de dezenas de milhões de brasileiros.

Menos que isso seria uma espécie de morticínio deliberado; o genocídio de miseráveis e desvalidos – negros, na sua esmagadora maioria.

A proposta de Tasso, além de significar apenas 40% do valor mínimo necessário, tem prazo de validade. A “liberalidade” de excepcionalizar 80 bilhões de reais do teto de gastos é temporária, vale apenas para o ano de 2023.

É como se a fome magicamente deixasse de existir a partir de 2024.

A estimativa do valor necessário para combater a fome e a miséria de dezenas de milhões de brasileiros é a decorrência matemática da realidade cruel e perversa da qual padecem seres humanos desesperados, que estruturalmente não têm o mínimo indispensável para comer.

Em razão desta realidade, portanto, chega a ser ofensivo o leilão que deputados e senadores teleguiados pelo deus-mercado querem promover a respeito do valor que deverá ser “concedido” para o Bolsa Família – se 70 bi, 80 bi, 100 bi ou 200 bilhões. É ainda mais problemático que façam isso ao mesmo tempo em que mantêm intacto o bilionário e corrupto orçamento secreto.

O combate à fome e à miséria não pode ser objeto da barganha parlamentar, pois é um imperativo ético e humano.

Sabemos que a manutenção de um estado permanente de miséria é um veneno fatal que pode matar a democracia e turbinar a capacidade de “sedução” e de captura do fundamentalismo religioso e do fascismo.

Nunca como nesta conjuntura histórica foi tão essencial uma resposta pelo menos socialdemocrata à crise.

O combate à fome, à desigualdade a ao racismo estrutural não pode ser tratado como medida provisória, temporária, pois é um compromisso permanente que toda sociedade civilizada e justa tem de preservar.

A ganância eterna do mercado não pode decretar prazo de validade para o esforço civilizatório de retirar o Brasil do mapa mundial da fome.

O problema da proposta do senador Tasso Jereissati é que ela não garante orçamento permanente para o combate à fome, mas assegura a ganância eterna do mercado.

Fonte: DCM

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