O Estado brasileiro foi alertado pela ONU sobre a violência policial no país quatro dias antes da operação no Guarujá que deixou ao menos dez mortos. As informações são do colunista da Uol, Jamil Chade.
Segundo o jornalista, o Brasil recebeu um documento preparado pelo Comitê de Direitos Humanos em que o órgão fazia um diagnóstico da situação do país e apresentou recomendações.
No documento, os peritos internacionais estavam “preocupados com os inúmeros relatórios que indicam que o uso de força letal por policiais e agentes de segurança tem permanecido excessivamente alto por mais de uma década, afetando desproporcionalmente jovens afro-brasileiros e pessoas LGBTI”.
O governo Lula confirmou que recebeu o informe e que analisava as recomendações feitas pela ONU.
O Comitê também cita a preocupação com a operação policial na favela do Jacarezinho em 2021 que resultou na morte de 27 moradores — apesar da proibição pelo Supremo Tribunal Federal para incursões policiais em bairros de baixa renda no Rio de Janeiro durante a pandemia de covid-19, exceto em “casos absolutamente excepcionais”.
“O Comitê está preocupado com o uso de perfis raciais e com a falta de responsabilização pelo uso excessivo da força e execuções extrajudiciais por agentes da lei e, em particular, com a ausência de investigações, processos e condenações eficazes, oportunas e independentes dos responsáveis, bem como com a falta de reparações apropriadas para as vítimas”, diz o documento.
O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos também cobrou, nesta terça (1), uma ação das autoridades brasileiras para investigar as mortes registradas no Guarujá nos últimos dias.
“Estamos preocupados com as mortes e pedimos uma investigação imediata, completa e imparcial, de acordo com os padrões internacionais relevantes – particularmente o Protocolo de Minnesota sobre a Investigação de Mortes Potencialmente Ilegais – e que os responsáveis sejam responsabilizados”, disse o órgão.
Fonte: Vermelho