Assumir-se como machista é exercício da consciência, da autocrítica. É princípio elementar para estirparmos os resquícios da carga cultural que ainda persiste. Deve ser exercício cotidiano, pois ainda vivenciamos circunstâncias em que se observa, por exemplo, desde as ditas (ou malditas), “brincadeiras” além de, em outras circunstâncias, observarmos até declarações de ações de violência moral e sexual, sempre sob argumentos que naturalizam o comportamento patriarcal, que subjuga, objetifica e explora a mulher.
A partir desta reflexão e inflexão, consolidamos nossa convicção e nos colocamos de maneira mais efetiva para sedimentar as bases de nossa atuação pessoal, mas, também principalmente, a institucional, atuando na linha de frente do combate ao machismo estrutural que assola nossa sociedade.
O feminicídio, mortal para as mulheres, fere brutalmente a família, é avassalador para amigos e amigas e atinge frontalmente todos nós. Desnuda as entranhas de uma sociedade doente, que adota como normal o consumo hedonista e a indústria cultural que entorpece a massa e cria toda a atmosfera que objetifica a mulher.
Esses elementos são contributos que, no mínimo, dão início ao ciclo de violência que pode culminar no feminicídio, pois alimentam pensamentos, fomentam desejos e motivam ações que dão starts à atitude criminosa e covarde da agressão à mulher. Pois também encontram o ambiente pantanoso das mentes criminosas e da histórica formação das sociedades que colocam as mulheres em condição de inferioridade.
Para além das ações que buscam conscientizar a população e instrumentalizar a sociedade civil organizada para a luta, é necessário garantir que a Lei Maria da Penha, tenha sua aplicabilidade efetiva e que as penas sejam endurecidas, pois o que estamos observando é o aumento das estatísticas das violências contra as mulheres.
Essa é a tarefa de toda a sociedade. MULHERES E HOMENS JUNTOS no propósito da construção civilizatória que nos livrará do vexame de ver violentada moralmente, sexualmente, psicologicamente, materialmente e mortalmente uma mulher por um homem que “defende sua honra” ou se julga o dono da “sua mulher”, sem saber que na verdade resta ali um ser covarde, abjeto, criminoso e desprovido de humanidade.
Autor: Paulo Silva