O maior fantasma das Forças Armadas hoje tem nome – e se chama Walter Delgatti Neto. Conhecido como “hacker da Vaza Jato” (ou “hacker de Araraquara”), Delgatti foi preso no começo do mês por invadir os sistemas eletrônicos do Judiciário.
Um de seus depoimentos à Polícia Federal implicou diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem se reuniu, no Palácio da Alvorada, em 2022, e de quem foi questionado sobre a possibilidade de um crime: invadir as urnas eletrônicas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) caso tivesse acesso ao código-fonte.
Agora, Delgatti pode piorar ainda mais a crise do bolsonarismo. Seu advogado, Ariovaldo Moreira, já iniciou as negociações de uma delação premiada que pode envolver diretamente os militares na trama golpista.
Ao Estudio i, na GloboNews, Ariovaldo relatou que o hacker foi convidado a participar da comissão de militares que tinha a tarefa de fiscalizar as urnas eletrônicas. O convite a Delgatti partiu da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), para a qual o hacker prestou uma série de serviços ilegais.
Ariovaldo foi além. Conforme sua entrevista, Delgatti chegou a participar de uma reunião no Ministério da Defesa e ajudou os bolsonaristas a elaborarem perguntas que seriam formalmente dirigidas ao TSE, com o objetivo de atacar o sistema eleitoral. E Delgatti se compromete a contar detalhes da reunião (e quem estava participando) se a delação premiada for autorizada.
Segundo o Blog da Andréia Sadi, há um clima de “pânico” entre. O blog ouviu ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), que “como da maior gravidade o relato. Se comprovado, avaliam que não só é um escândalo como pode também arrastar para o centro do roteiro do golpe a cúpula militar que estava ao lado de Bolsonaro durante o período eleitoral”.
Como a delação do hacker teria vínculo com Carla Zambelli, a PGR (Procuradoria-Geral da República) ainda precisa avalizar. Mas um indício de que a delação está bem encaminhada é o adiamento da convocação de Delgatti à à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga, no Congresso, os atos golpistas de 8 de Janeiro.
O depoimento de Delgatti estava previsto para esta quinta-feira (10), mas foi adiado para 17 de janeiro. Caso a delação premiada se concretize, a CPMI deve abrir mão em definitivo da convocação.
Fonte: Vermelho