Há estatísticas que nascem defasadas. É o caso do total estimado de refugiados em todo o Planeta. Dia (25), a ACNUR (Agência das Nações Unidas para Refugiados) divulgou que havia no mundo mais de 114 milhões de pessoas deslocadas à força – por guerra, perseguição, violência ou violações de direitos humanos.
O problema é que a contagem da ACNUR foi concluída em setembro deste ano, às vésperas do conflito israelense-palestino na Faixa de Gaza, que teve início em outubro. Os números já estavam em crescimento. No final de 2022, eram 108,4 milhões refugiados. Em junho deste ano, chegou a 110 milhões. Os primeiros seis meses do ano também foram marcados pelo recorde de pedidos de asilo individuais: 1,6 milhão.
Em seu Relatório de Tendências Semestrais – que analisou os deslocamentos forçados de janeiro a junho –, a ACNUR atribui o viés de alta a uma série de fatores: guerra na Ucrânia; conflitos no Sudão, na República Democrática do Congo e em Mianmar; seca, inundações e insegurança na Somália; e crise humanitária no Afeganistão.
Iniciado há 20 dias, o conflito em Gaza – que já deixou mais de 6 mil mortos, sendo ao menos 2 mil crianças palestinas – atraiu os holofotes da comunidade internacional e dominou os debates no Conselho de Segurança da ONU. Para Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, é preciso dar atenção também aos demais focos de deslocamentos forçados – que provocam crescimento da pobreza.
“O foco do mundo agora está – e com razão – na catástrofe humanitária em Gaza. Mas, globalmente, muitos conflitos estão se proliferando ou aumentando, destruindo vidas inocentes e desenraizando pessoas”, lembrou Grandi. “A incapacidade da comunidade internacional de resolver ou evitar conflitos causa deslocamento e miséria. Devemos olhar para dentro, trabalhar juntos para acabar com os conflitos e permitir que as pessoas refugiadas e deslocadas voltem para suas casas ou reiniciem suas vidas.”
O fato de 4 milhões de pessoas terem se deslocado à força no curto período entre junho e setembro assustou a ACNUR. “Enquanto observamos o desenrolar dos acontecimentos em Gaza, a perspectiva de paz e de soluções para pessoas refugiadas e outras populações deslocadas pode parecer distante no Sudão e em outros lugares. Mas não podemos desistir”, concluiu Grandi.
Neste ano, entre 13 e 15 de dezembro, acontece o 2º Fórum Global de Refugiados, em Genebra, na Suíça. “Governos, pessoas refugiadas, autoridades locais, organizações internacionais, sociedade civil e o setor privado se reunirão para fortalecer a resposta global e buscar soluções para os níveis recordes de deslocamento”, informa a ACNUR.
Fonte Vermelho