Uma pesquisa realizada pela Adecco Group com a Oxford Economics revela que 41% dos executivos entendem que irão contratar menos pessoas em 5 anos por conta do avanço da inteligência artificial (IA).
Caso o indicativo permaneça, milhões de pessoas terão que buscar novas alternativas de trabalho nos próximos anos. O estudo realizado entre outubro e dezembro de 2023 envolveu 2 mil executivos de dezoito setores, dentre eles energia, indústria automotiva e varejo, de nove países, como Alemanha, Japão e Estados Unidos.
As resoluções apontam para um sentido de requalificação profissional por parte dos profissionais. Ao mesmo tempo, muitos gestores mostraram que não possuem conhecimento para entender as mudanças que a inteligência artificial traz, tanto de riscos como de benefícios.
Um dos indicativos é de que o impacto no mercado de trabalho deve ser maior em áreas de IA generativa, capaz de criar textos, imagens e demais conteúdos com base nos comandos de usuários.
Por um lado, a ferramenta pode ser vista como aliada ao simplificar ou potencializar tarefas. Por outro, o temor é de que ela aposente muitas atividades laborais.
Além da percepção de 41% menos contratações, a pesquisa mostrou que:
- 61% dos executivos, em média, observam a IA com potencial revolucionário para sua área, sendo que nos setores de tecnologia este valor chega 82%, enquanto no setor automotivo, 51%;
- 57% dos executivos não confiam nos conhecimentos de suas equipes sobre IA;
- 66% pretendem contratar especialistas na área;
- 44% pretendem treinar seus funcionários utilizar e compreender a IA.
Os resultados seguem a linha dos números que o Fundo Monetário Internacional (FMI) trabalha de que a inteligência artificial (IA) afetará 40% dos empregos em todo o mundo, podendo chegar a 60%.
Mundo sindical
O sociólogo, coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, Clemente Ganz Lúcio, diz que o movimento sindical observa este processo de avanço da inteligência artificial com “preocupação”, uma vez que diz respeito ao futuro do sindicalismo.
“Observamos com muita preocupação, pois os impactos da digitalização e da IA ocorrem sobre todas as atividades laborais, sobre todos os postos de trabalho, sobre as profissões e suas formações. São transformações disruptivas que exigem alta performance de proposição e de negociação. Esse assunto é o coração do mundo do trabalho futuro e a alma da vida sindical”, explica.
Ganz, que é membro do CDESS (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável da Presidência da República, o “Conselhão”) e do Conselho Deliberativo da Oxfam Brasil, elenca as medidas que devem ser adotadas para debater o tema de maneira responsável e evitar um aumento significativo do desemprego pelo avanço da IA.
“[Devemos] entrar com muita força para tratar do tema, conhecendo os processos e repercussões, propondo pautas, com apresentação de propostas que tratem de: analisar os impactos e debater o que pode e o que não pode; analisar os processos de introdução das tecnologias e seus impactos na formação profissional; proteger os empregos; propor políticas públicas; reduzir a jornada de trabalho; [investir na] formação profissional continuada durante toda a vida laboral”, pontua o sociólogo.
Fonte: Vermelho