Brasília começou a semana em polvorosa após a divulgação de uma carta aberta assinada por economistas, empresários, pessoas ligadas ao mercado, ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central. O documento traz duras críticas à gestão do governo Jair Bolsonaro na pandemia e tinha 200 assinaturas no momento da divulgação. Agora, o total de nomes ultrapassa 1,5 mil.
A carta rechaça o falso dilema entre salvar a economia ou a saúde e defende quatro propostas para o enfrentamento ao coronavírus: aceleração da vacinação, distribuição de máscaras gratuitas e eficazes, coordenação nacional das diretrizes de enfrentamento à pandemia e distanciamento social. E, claro, propõe medidas econômicas: apoio a pequenos empresários, auxílio emergencial e implementação de um programa de proteção social.
No entanto, para o economista Marco Rocha, professor do Instituto de Economia da Unicamp, o significado político do documento é o que mais se destaca . Ele lembra que as medidas de combate à pandemia exigidas são conhecidas e defendidas por diferentes segmentos há muito tempo.
“A carta tem um conteúdo muito mais simbólico, devido a quem assina. Traz muito pouco de propositivo e eu acho que nada em termos de alguma ruptura com a agenda Guedes”, afirma.
Entre os nomes que endossam o conteúdo estão José Olympio Pereira (presidente do Credit Suisse) e a dupla Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles (co-presidentes do Conselho de Administração do Itaú Unibanco). Também assinam ex-ministros da Fazenda, como Pedro Malan e Ruben Ricupero e ex-presidentes do Banco Central, como Armínio Fraga, Gustavo Loyola e Ilan Goldfajn. Entre os economistas, Elena Landau, Samuel Pessôa e Laura Carvalho.
Carvalho, professora da Faculdade de Economia da USP e identificada com o campo da esquerda, disse em uma rede social que divulgou o documento apesar de não ter recebido o link para assiná-lo. “Depois disso fui procurada para assinar e não hesitei em fazê-lo”, afirmou.
Fonte: Portal Vermelho