Proposta de salário mínimo de Guedes “faz o povo agonizar mais ainda”

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O salário mínimo em 2022 será de R$ 1.147 e não terá aumento acima da inflação, anunciou o Ministério da Economia. O reajuste consta do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2022, enviado hoje (15) ao Congresso Nacional.

O reajuste segue a projeção de 4,3% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para este ano. A estimativa também consta do PLDO. Em 2020, o governo sequer repôs a inflação do INPC, devendo R$ 2,00 aos R$ 1.100,00 do piso definido para recompor a inflação que foi de 5,45%.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Adilson Araújo, definiu o presidente Bolsonaro como “caloteiro” por continuar devendo a reposição total do salário deste ano. Para ele, isso mostra que sequer dá pra confiar nessa reposição prevista para o próximo ano.

“Em um momento de crise, em que já perdemos mais de 365 mil pessoas em consequência do negacionismo da pandemia, faz os brasileiros agonizar mais ainda”, declarou o líder sindical. Para ele, é importante denunciar e continuar lutando pela recomposição do poder de compra do salário mínimo.

O sindicalista considera que o governo Bolsonaro precisaria dar vazão à centralidade dos investimentos públicos, nesse momento de retração econômica. Ele citou outros países que estão investimento pesado para sair da depressão atual. “No entanto, o governo brasileiro segue sendo, demasiadamente, um ponto fora da curva. O Brasil tem um ministro Paulo Guedes obcecado em subtrair, subtrair, subtrair”, enfatizou. Ele brinca ao dizer que o ministro cria desconforto até em Adam Smith, economista conservador que defende que, em momentos de crise, o Estado precisa usar o expediente da expansão monetária.

Araújo considera que a pandemia revelou a total falta de “paixão” de Bolsonaro por seu povo. “Vai matando o povo da doença, porque negligenciou o direito do estado de imunizar a nação; vai matando a classe trabalhadora, atacando os direitos trabalhistas; fora a entrada do país no mapa da fome, novamente”, criticou.

Ele voltou a fazer uma comparação entre o Brasil e vizinhos. Lembrou que, recentemente, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, isentou de imposto de renda 93% dos trabalhadores, com salários até cerca de R$ 9 mil. “No Brasil, nem precisava isentar, apenas fazer a correção da tabela do imposto de renda para minimizar as desigualdades”, sugere o sindicalista.

Araújo lamentou que o governo Bolsonaro tenha representado o fim de um “ciclo mudancista” de ascensão social para os trabalhadores, iniciado com o governo do presidente Lula, quando houve o maior ganho real em cinco décadas.

“A Política de Valorização do Salário Mínimo responde a uma necessidade, pois o Brasil está muito distante da maioria dos países do nosso continente. Segundo estudo do Dieese, o salário mínimo não corresponde sequer ao valor da cesta básica de despesas de um trabalhador, ou seja, é insuficiente para suprir a garantia mínima de subsistência das famílias”, diz ele, referindo-se à recomendação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, de que o salário mínimo, hoje, deveria ser de R$ 5.315,00.

Arrocho e austeridade

Até 2019, o salário mínimo era reajustado segundo uma fórmula que previa o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) de dois anos antes mais a inflação oficial do ano anterior. Desde o ano passado, o reajuste passou a seguir apenas a reposição do INPC.

Segundo o Ministério da Economia, cada aumento de R$ 1 no salário mínimo tem impacto de aproximadamente R$ 315 milhões no orçamento. Isso porque os benefícios da Previdência Social, o abono salarial, o seguro-desemprego, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e diversos gastos são atrelados à variação do mínimo.

Fonte: Portal Vermelho

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