Quase metade dos trabalhadores por conta própria no Brasil – chamados de empreendedores pelo governo e pela grande mídia – tem renda inferior a um salário mínimo (R$ 1.100,00). A maioria (48%) consegue R$ 1 mil por mês e apenas 7% têm renda superior a R$ 4 mil.
Nos estratos intermediários, 30% têm renda entre R$ 1.001,00 e R$ 2.000,00 e 15%, entre R$ 2.001,00 e R$ 4 mil. O país tem atualmente 24,3 milhões de trabalhadores do “empreendedorismo por necessidade” e 97% têm a função como única fonte de renda.
O estudo Nas Bordas da Precariedade, da Fundação Perseu Abramo, mostra ainda que 35% trabalham mais de 40 horas por semana, 11% estendem a jornada a mais de 50 horas e 77% atuam na informalidade, sem cobertura da Previdência Social.
Os dados derrubam o mito de que o trabalho por conta própria representa liberdade para organizar o que fazer, sem patrão e sem cartão de ponto, reforçando o tal ‘espírito empreendedor’ dos brasileiros.
Mulheres negras que atuam na produção de vestuário e alimentos ou em salões de beleza estão na base da pirâmide. Entres estas trabalhadoras, 48% possuem renda de até R$ 1 mil por mês. Destas, 22% recebem metade do valor, ou seja, R$ 500,00.
Conforme a renda aumenta, mais branco, mais rico e mais masculino se torna o perfil. O homem branco figura no topo em serviços de educação e saúde (67%), atividades de informação, comunicação e financeiras, imobiliárias (64%). Já o negro é maioria em atividades, como construção civil, comércio, serviços e alimentação, com 65%, 61% e 57%, respectivamente.
Fonte: SBBA