O lucro dos três maiores bancos privados brasileiros cresceu em média 30,4% em 2021. Com isso, os ganhos de Itaú, Bradesco e Santander, somados, alcançou a astronômica cifra de R$ 69,4 bilhões no período. Esse desempenho é sustentado por números positivos em praticamente todos itens, em especial o das carteiras de créditos, que subiram 16,7% na média das três instituições e alcançaram a casa dos R$ 2,4 trilhões. O ponto negativo dessa questão é que se trata de crédito a pessoa física, um reflexo do empobrecimento da população. O quadro é bastante diferente do que ocorreu em 2020, quando a carteira de crédito também cresceu, porém com recursos direcionados mais a micro e pequenas empresas, o que contribuiu de modo importante para o aumento das atividades econômicas.
Outro ganho de destaque das empresas foi com prestação de serviços e tarifas. Com elevação de 9,3% (Itaú) e de 4,9% (Bradesco e Santander), essa rubrica foi responsável pela arrecadação de R$ 90,2 bilhões, valor que superou com folga as despesas de pessoal – no caso do Santander, mais que o dobro gasto com seus trabalhadores (210,7%). No do Itaú foi 74,2% maior, e do Bradesco, 28,7%.
No conjunto, os três bancos contrataram 5.356 novos funcionários, ainda que no Bradesco o saldo tenha sido de 2.301 demissões. Esse dado, porém, não é de todo positivo, pois a maioria dos postos abertos foram voltados à área de tecnologia, pelo investimento em atendimento digital, processo que resultou no fechamento de 629 agências físicas.
O desempenho, verificado pela demonstração financeira das instituições, ocorre num momento em que a economia do país vem sendo marcada pela seguida elevação dos juros, recurso usado pelo Banco Central (BC) para tentar conter a alta da inflação. Assim, os números favoráveis aos três bancos acompanham e aprofundam a degradação das condições financeiras do trabalhador e das famílias brasileiras. Segundo o BC, por exemplo, o uso do rotativo do cartão de crédito, valor que a pessoa não consegue quitar de sua fatura mensal, sobre o qual incidem juros de mais de 300% anuais, em 2021 foi o maior nos últimos 10 anos.
Já entre aqueles que mantém seu posto de trabalho, a renda em 2021 tocou o pior nível desde 2012, ou seja, R$ 2.444 mensais em média para contratados a partir de 14 anos. Nesse quadro, o endividamento das famílias alcançou alarmantes 50,41% de todos os seus rendimentos, dos quais 27,87% tiveram de ser gastos com os serviços dessa dívida com o Sistema Financeiro. O número de famílias que passaram a viver nessa difícil situação também cresceu muito no período, com elevação de 10 pontos percentuais, atingindo 76,1% de todos os lares brasileiros.
Fonte:Contraf