SAÚDE MENTAL DAS MULHERES PIOROU APÓS A PANDEMIA

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Uma pesquisa realizada pela ONG Think Olga revelou que 45% das mulheres brasileiras sofrem com algum tipo de transtorno mental, incluindo ansiedade e depressão, no cenário pós-pandemia de Covid-19. O estudo intitulado “Esgotadas: o empobrecimento, sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres” analisou a saúde mental da população feminina no Brasil, destacando as complexas questões que impactam negativamente seu bem-estar.

Divulgado na quarta-feira (30/8), o estudo mostra que a ansiedade, sendo o transtorno mais comum, afeta seis em cada dez mulheres brasileiras. Os números são alarmantes, mas trazem à luz uma realidade que não surpreende, uma vez que mais de metade das pessoas com diagnósticos de depressão e ansiedade no Brasil já eram mulheres antes da pandemia. Uma pesquisa global de 2019 mostrou que, das pessoas com transtornos mentais ou causados ​​pelo uso de substâncias no Brasil, 53% eram mulheres.

O estudo investigou diversos fatores que contribuem para o sofrimento mental das mulheres no país. Desde a sobrecarga de trabalho até a insegurança financeira, passando pelo esgotamento físico e mental decorrente da responsabilidade desproporcional pelas atividades de cuidado e manutenção da vida. Todas essas dimensões foram analisadas.

O resultado mostra que dificuldades financeiras, endividamento, baixos salários e a sobrecarga de trabalho estão entre os fatores que contribuem para o sofrimento psíquico das mulheres – com destaque para as mulheres negras, que enfrentam um sofrimento ainda maior nesses aspectos. A situação financeira apertada atinge 48% das entrevistadas e a insatisfação com a remuneração baixa alcança 32% delas. 59% das mulheres das classes D e E estão insatisfeitas com sua situação financeira. Essa insatisfação atinge 54% das pretas e pardas.

O relatório Esgotadas mostrou que a sobrecarga de trabalho doméstico e a jornada excessiva de trabalho foram a segunda causa de descontentamento mais apontada, atrás apenas de preocupações financeiras. O trabalho de cuidado, que envolve muitas horas dedicadas ao cuidado com a casa e com as pessoas, sobrecarrega principalmente as mulheres de 36 a 55 anos (57% cuidam de alguém) e pretas e pardas (50% cuidam de alguém).

Além disso, 86% por cento das mulheres consideram ter muita carga de responsabilidades. A insatisfação entre mães solo e cuidadoras é muito superior em relação àquelas que não têm esse tipo de responsabilidade. As cuidadoras e mãe solo também são as mais sobrecarregadas com as tarefas domésticas e de cuidado, com 51% das mães e 49% das cuidadoras apontando a situação financeira restrita como o maior impacto na saúde mental.

A pesquisa também reforçou a importância da saúde emocional, com 91% das entrevistadas considerando-a uma questão séria e 76% procurando prestar mais atenção a esse aspecto, especialmente após o impacto da pandemia. Só 11% afirmam que não cuidam da sua saúde emocional de nenhuma forma. As respostas das mulheres destacaram a necessidade de abordar fatores sociais e estruturais ao tratar da saúde mental, incluindo acesso à educação, habitação, emprego digno e igualdade de gênero.

Fonte: Feebbase

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